A indústria brasileira vai levar à COP28 — por meio da Confederação Nacional da Indústria (CNI) — a maior delegação já presente num evento deste porte. Serão mais de 100 empresários que vão participar de uma intensa agenda. Esta é a primeira vez que a CNI vai ter um estande próprio na conferência. O local será dedicado a encontros e debates ligados ao meio ambiente e à indústria, como explica o diretor de Relações Institucionais da entidade, Roberto Muniz.
“Durante o período vamos ter algo em torno de 50 atividades, entre painéis e palestras, de diversos temas de interesse da indústria nacional e também temas ligados à questão da crise climática, descarbonização, hidrogênio e economia verde.”
Além disso, a CNI participa da conferência como membro-observador e vai contribuir com o governo brasileiro nas negociações. Nesta edição, serão feitas 84 sessões técnicas — que são os encontros entre os países participantes — e a CNI vai estar presente em 50 delas. Na COP28 também será feita a primeira publicação das emissões feitas pelos países, chamada de Global Stocktake.
“Vai ser algo bastante importante para saber se estamos indo no caminho de melhorias das questões climáticas ou se teremos que apertar ainda mais o cerco, principalmente os países poluidores”, explica o diretor de Relações Institucionais da CNI.
O que é Global Stocktake e como ele pode impactar as negociações da COP28
Aquecimento global: indústria no centro das atenções
Durante a COP28, a CNI vai promover o Diálogo Empresarial para uma Economia de Baixo Carbono. O evento tem o objetivo de proporcionar um debate entre o setor empresarial brasileiro e o estrangeiro, baseado em quatro pilares estratégicos:
- Transição energética;
- Mercado de carbono;
- Economia circular;
- Conservação florestal.
Com isso, a ideia é proporcionar um ambiente de relacionamento e oportunidades entre indústrias brasileiras e internacionais, abrindo espaço para futuras parcerias, tendências e novas tecnologias que contribuam para a competitividade e a sustentabilidade do setor.
Segundo Roberto Muniz, entre as empresas que participam da COP, algumas já têm medidas e atividades que mostram casos de sucesso com relação à sustentabilidade e redução de emissões. “O Brasil tem feito um esforço muito grande — e as indústrias em especial — para que essa agenda fique viva. Nós já temos alguns setores que já estão demonstrando e já colocam resultados à disposição tanto do mercado brasileiro quanto internacional.”
Industriais e a preocupação com sustentabilidade
Uma pesquisa feita com empresários de indústrias brasileiras mostra a preocupação do setor com a sustentabilidade. Segundo o levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) — que ouviu mil representantes — 89% adotam medidas para reduzir a geração de resíduos sólidos; 86% otimizam o consumo de energia e 83% têm algum tipo de ação para usar a água de forma mais eficaz.
O gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo, explica que a pesquisa mostra não só a importância que o setor dá à estratégia de sustentabilidade na agenda corporativa, mas também a implementação de ações que geram impactos positivos na reputação das empresas, atendem questões regulatórias e reduzem custos.
“É uma boa prática que vem sendo estimulada cada vez mais, vários investimentos estão sendo feitos dentro das suas plantas industriais, com modernização dos seus parques tecnológicos, troca de combustíveis por combustíveis mais renováveis. Dessa forma você tem uma indústria bastante competitiva, mas que emite pouco CO².”
A 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP28, acontece de 30 de novembro a 12 de dezembro em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e vai reunir líderes de governos, executivos, especialistas em meio ambiente e representantes da sociedade civil de todo o mundo.