Junho é o mês de conscientização do ceratocone, doença ocular caracterizada pelo afinamento progressivo da córnea, fazendo com que o tecido assuma a forma de um cone. Essa condição oftalmológica não escolhe idade, afetando tanto adultos quanto crianças. O ceratocone infantil, embora menos frequente, é uma das causas mais comuns por trás dos transplantes de córnea em crianças no Brasil, representando aproximadamente 15 a 20% de todos os transplantes desse tipo realizados nessa faixa etária.
O último levantamento da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), apontou que o número de crianças na fila de espera por um transplante de córnea aumentou 32%, até o primeiro trimestre de 2024, em comparação com o mesmo período do ano passado. De 106 registros passou para 140 este ano.
A Dra. Giovanna Marchezine, oftalmopediatra do Hospital de Olhos de Cuiabá (HOC), observa que, nos pacientes pediátricos, a progressão do ceratocone tende a ser mais acentuada e rápida, sendo muitas vezes diagnosticado em estágios avançados. “Os casos que se iniciam na infância frequentemente apresentam uma evolução mais agressiva em comparação com aqueles que se manifestam mais tardiamente. Identificar o ceratocone em estágios iniciais da doença é muito importante para prevenir deficiências visuais graves”, alerta a médica. Essa rápida progressão aumenta o risco de necessidade de transplante de córnea em até sete vezes.
O diagnóstico de ceratocone em crianças costuma ocorrer tardiamente devido à falta de queixas funcionais, especialmente em crianças com menos de 8 anos de idade. Crianças com quadros graves de alergia podem apresentar sinais de ceratocone já na infância. Por isso, é importante que os pais fiquem atentos: “Os principais sintomas da doença estão na dificuldade de nitidez da visão. Mudança brusca de grau (principalmente aumento do astigmatismo), baixa de visão que não melhora totalmente com o uso de óculos, e dificuldade de visão noturna são os sintomas mais relatados. Há também o risco de atingir os dois olhos de maneira assimétrica, afetando mais um olho do que o outro”, esclarece Giovanna.
O ceratocone pode ser diagnosticado com exames que avaliam a curvatura e espessura corneanas, como a topografia (ou ceratoscopia) de córnea e a tomografia de córnea. “O tratamento é feito com óculos, lentes de contato gelatinosas ou rígidas. Em casos mais graves ou quando as lentes rígidas não são toleradas, são considerados procedimentos cirúrgicos para reduzir o formato de cone da córnea”, explica.
As causas do ceratocone continuam sendo um enigma para a comunidade médica, embora uma série de fatores, incluindo predisposição genética e maus hábitos, como o ato de esfregar os olhos com frequência, tenham sido identificados como possíveis influências. “Conscientizar os pequenos e seus pais sobre a importância de evitar o hábito de coçar os olhos é crucial, pois esse comportamento pode acelerar a progressão da doença. À medida que o ceratocone avança, o uso de óculos pode não ser mais suficiente”, alerta a oftalmopediatra. A prevenção e o tratamento precoce desempenham um papel essencial na preservação da visão e na melhoria da qualidade de vida das crianças afetadas pelo ceratocone infantil.
Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
SUENIA MICHELLE QUEIROZ DANTAS
redacao@prezzcomunicacao.com.br