A hepatite é uma inflamação do fígado, frequentemente causada por infecções virais, como os vírus das hepatites A, B, C, D e E. A hepatite B pode levar a condições crônicas, como cirrose e câncer de fígado, se não tratada adequadamente. O tratamento precoce permite a gestão eficaz da infecção, reduzindo a progressão da doença e evitando complicações graves.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada 20 pessoas com hepatite viral B ou C sabe que está doente, e apenas uma em cada 100 está recebendo tratamento. Para o cirurgião de transplante hepático do Hospital São Vicente, Guilherme Ferrarini Furlan, essa subnotificação é o principal desafio no combate à doença.
“O maior desafio é realizar o diagnóstico precoce das hepatites virais, principalmente quando falamos dos vírus das hepatites B e C, que são doenças crônicas e silenciosas. Isso torna essas infecções sub-diagnosticadas, fazendo com que os pacientes permaneçam infectados por longos períodos e diagnostiquem a infecção apenas em estágios avançados de doença hepática, como cirrose e até mesmo câncer de fígado”, explica Furlan.
O médico complementa que a hepatite A é uma doença de transmissão fecal-oral, associada a condições de higiene e saneamento básico, manifestando-se com sintomas agudos, como dor abdominal, náuseas, vômitos e icterícia ou amarelão. “A principal forma de prevenção da hepatite A e B é a vacina, disponível de forma gratuita pelo sus. A primeira no calendário vacinal de crianças é até cinco anos de idade, e a segunda é para toda população adulta”.
Valdemiro José de Andrade, paciente do Hospital São Vicente, descobriu que tinha hepatite B crônica em 1994. Na época, o irmão dele sofreu um acidente de carro e ao realizar exames de sangue foi diagnosticado com a doença. Todos os familiares foram submetidos ao mesmo teste e Valdemiro também foi notificado como portador do vírus.
“O médico me alertou que eu precisava cuidar da minha alimentação, não ingerir álcool, porque em algum momento eu precisaria de transplante. Foram mais de 15 anos tomando remédios, até que em 2018 fui diagnosticado com hepatocarcinoma cirrose hepática e descobri que aquele momento tinha chego”.
Julho amarelo
O julho amarelo tem como objetivo conscientizar e combater as hepatites virais. Durante este mês, diversas ações são realizadas para informar a população sobre a importância do diagnóstico precoce, vacinação e prevenção dessas doenças. “Esse mês busca incentivar a realização de testes rápidos gratuitos. Essa ação permite o diagnóstico e tratamento precoce dessas infecções, diminuindo a transmissão e evitando a progressão da doença”, destaca o médico.
Dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), apontam que somente entre os meses de janeiro a junho de 2024, foram registrados no Estado do Paraná 90 casos e 32 óbitos de hepatite A, 291 casos de hepatite B, 243 de hepatite C e 1 caso de hepatite D, ou “B+D”.
“É um mês que destaca a importância dos exames de hepatite, mas precisamos nos conscientizar todos os meses. É um exame rápido e que pode salvar a sua vida, assim como salvou a minha”, desabafa Valdemiro.
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MILENA CAMPOS FERREIRA
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