A busca por maior representatividade feminina na indústria de tecnologia é um tema amplamente discutido. Mais do que uma questão de equidade de gênero, o papel das mulheres na ciência de dados está diretamente relacionado à qualidade dos softwares desenvolvidos e à resolução de problemas complexos que impactam a sociedade.
A empresária e especialista em tecnologia, Cristina Boner, fundadora da Associação de Mulheres Empreendedoras (AME), destaca a importância da presença feminina nesse setor. “A diversidade é essencial para qualquer equipe que trabalha com dados. As mulheres trazem perspectivas diferentes, o que permite desenvolver soluções mais inclusivas e inovadoras”, afirma Boner.
A indústria de tecnologia ainda luta para equilibrar a representatividade de gênero em suas equipes. Iniciativas como o Women in Data Science têm se destacado ao promover oportunidades para mulheres desde cedo, visando quebrar estereótipos que ainda limitam seu ingresso no setor de tecnologia.
O impacto da “datificação” na sociedade
Vivemos a era da “datificação”, na qual as ações sociais são convertidas em dados digitais. Esse fenômeno já faz parte da nossa rotina, seja no monitoramento de atividades esportivas ou nas interações em redes sociais. Para as empresas, esses dados são cruciais para análises preditivas e decisões de negócios, auxiliando na criação de produtos e no fortalecimento de relacionamentos com clientes.
No entanto, a percepção de que os dados são neutros é enganosa. José van Dijk, estudioso da Universidade de Amsterdã, chama essa crença de “dataísmo” e já havia alertado sore a confiança excessiva nos agentes que coletam, analisam e compartilham dados.
“É um erro acreditar que os dados, por si só, são imparciais. Precisamos de equipes diversificadas, capazes de interpretar essas informações de maneira mais justa”, comenta Cristina Boner.
Não há como garantir que a coleta e análise de dados sejam isentas de vieses, uma vez que humanos, naturalmente subjetivos, são responsáveis por programar os algoritmos e estabelecer os parâmetros de coleta. “Os algoritmos são reflexo de quem os desenvolve. Quanto mais diversificadas forem as equipes, maior a chance de termos softwares que atendam às necessidades de todos, de forma mais ampla”, ressalta Boner.
Um exemplo claro disso é a análise de emoções via algoritmos. Empresas utilizam dados de redes sociais e interações com clientes para medir a satisfação, mas esses algoritmos muitas vezes não captam toda a complexidade emocional. “Se não houver diversidade nas equipes, é provável que algumas perspectivas sejam ignoradas, o que pode prejudicar a qualidade das soluções oferecidas”, alerta a especialista.
A inclusão de mulheres na ciência de dados não é apenas uma questão de equidade, mas uma necessidade para o desenvolvimento de soluções tecnológicas mais completas. Cristina Boner reforça que essa diversidade de perspectivas é fundamental para melhorar a qualidade dos produtos desenvolvidos. “Precisamos de mais mulheres nas áreas de ciência de dados e tecnologia para garantir que os softwares reflitam a realidade de diferentes grupos da sociedade”, conclui Boner.
Além de promover a justiça e a equidade de gênero, a inclusão feminina na ciência de dados impacta diretamente a qualidade dos produtos e soluções desenvolvidas, garantindo que essas ferramentas sejam mais precisas e inclusivas.
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Andreia Souza Pereira
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