Um condomínio de alto padrão no interior paulista foi condenado a pagar uma indenização por danos morais no valor de R$ 20 mil a um visitante, vítima de racismo. O fato ocorreu quando um homem negro chegou de moto no condomínio de luxo para participar da festa de um amigo. Ao se apresentar na portaria social, foi orientado a ir até a entrada de serviços.
O fato chamou a atenção inclusive de quem atua no universo condominial. Luiz Fernando Maldonado é advogado e lida com condomínios diariamente. Mesmo com tanta experiência, ainda se sente constrangido ao lidar com notícias assim:
– “É algo difícil de comentar. À Justiça, a vítima explicou que seu nome estava na lista de convidados entregue pelo dono da festa à portaria. Mesmo assim, os funcionários não perguntaram seu nome. Vale lembrar que o juiz apontou que os vídeos gravados pela vítima deixam claro a forma racista contida no ato de mandar o visitante entrar pela portaria de serviços”, ressaltou o profissional.
Segundo ele, a decisão do juiz deixa claro que a porteira e seu colega de trabalho não estão de má fé e não tratam o requerente com aberto desrespeito, mas seu comportamento é absolutamente inadequado e fruto de uma realidade social permeada por um racismo estrutural fundante e imperceptível para uma vasta maioria da população que continua a ser ensinada que o Brasil não é um país racista ou intolerante.
– “O condomínio recorreu da sentença e na defesa alegou que a situação não passou de um mal-entendido. Mesmo assim, fica o alerta para que condomínios de todo o país, em número cada vez maior, treinem melhor seus funcionários para que situações assim não mais ocorram, minimizando os danos para todas as partes”, ressaltou o advogado condominial, Luiz Fernando Maldonado.
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DAVID ROBERTO FLORIM
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