O jornalista e escritor Cesar Calejon e o economista André Roncaglia, diretor-executivo do Brasil junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI), se juntaram para escrever “Poder e desigualdade: O retrato do Brasil no começo do século XXI” (Civilização Brasileira). O livro analisa como o “elitismo histórico-cultural” criou um modelo de desenvolvimento classificado por André Roncaglia como “fazendão com cassino”. A expressão advém do desenvolvimento econômico baseado no tripé agronegócio, mineração e finanças, que só alcançou êxito no Brasil devido à histórica concentração dos poderes midiático, político e econômico nas mãos de uma minoria ínfima.
A primeira noite de autógrafos será na quinta, 14 de novembro, às 19h, na Livraria Martins Fontes da Consolação, em São Paulo. A dupla de autores participará de uma conversa mediada pela Gabi Varella e, em seguida, receberá os leitores para autografar os livros.
Os autores explicam como as particularidades do desenvolvimento econômico do país deram origem ao “fazendão com cassino”, uma analogia reveladora de como o modelo extrativista colonial – atualizado pelo agronegócio e pela mineração – se aliou à financeirização da economia. Assim, observa-se como a ausência de regulação por parte do Estado permitiu, por séculos, condições de exploração vexatórias. O resultado disso é que, nos dias de hoje, uma pequena classe de executivos tem ganhos exorbitantes sem sofrer contraposição da opinião pública, enquanto uma enorme massa de trabalhadores se precariza, perdendo direitos trabalhistas e tendo sua vida produtiva cercada pelo desemprego, pela informalidade e pelas plataformas digitais.
Esses efeitos práticos entre a expectativa de melhora de vida e o estrangulamento do nível de consumo geram impactos políticos contraditórios, uma vez que as demandas por mudanças se voltam contra a proteção da maioria esmagadora da população vulnerável. Por um lado, a onda de frustração é combustível para o crescimento da extrema direita, aumentando a pressão política que expõe o descrédito na democracia; por outro, as soluções colocadas à mesa são fortemente influenciadas pelos lobbies dos grupos elitistas, que culpam o Estado (e o cobram) pelas supostas perdas de seu domínio econômico.
Em “Poder e desigualdade” estão delineados os principais pontos do infortúnio nacional. Roncaglia e Calejon mostram como o “elitismo histórico-cultural” influencia as decisões em diferentes áreas de nossa vida pública, seja no afunilamento das opiniões, com a adesão sem peias do jornalismo profissional aos discursos financeiros, seja na enclausura do poder público, quando os Três Poderes da República – Judiciário, Legislativo e Executivo – se encontram entrevados pelo acosso elitista.
SOBRE OS AUTORES
Cesar Calejon é jornalista, com especialização em relações internacionais pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e mestre em mudança social e participação política pela Universidade de São Paulo (USP). É autor dos livros “A ascensão do bolsonarismo no Brasil do século XXI”, “Tempestade perfeita: o bolsonarismo e a sindemia covid-19 no Brasil” e “Sobre perdas e danos: negacionismo, lawfare e neofascismo no Brasil”. Pela Editora Civilização Brasileira, já publicou “Esfarrapados: como o elitismo histórico-cultural moldou as desigualdades no Brasil”.
André Roncaglia é professor de economia da Unifesp, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da FGV e doutor em economia do desenvolvimento pela USP. Com Paulo Gala, é autor de “Brasil, uma economia que não aprende: novas perspectivas para entender nosso fracasso” e, com Nelson Barbosa, é organizador de “Bidenomics nos trópicos”. Este novíssimo “Poder e desigualdade” é o seu primeiro livro pela Editora Civilização Brasileira, do Grupo Editorial Record.
“Poder e desigualdade: O retrato do Brasil no começo do século XXI
Editora Civilização Brasileira
Escrito por André Roncaglia e Cesar Calejon
364 páginas
R$ 69,90
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MONICA CRISTINA RAMALHO CUNHA
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