Por Ana Paula de Souza Colling*
A discussão sobre o que e como ensinar faz parte do cotidiano escolar e – assim como nas demais áreas do conhecimento – com a matemática e suas tecnologias não tem sido diferente. A Base Nacional Comum Curricular – BNCC (Brasil, 2018) traz, para as instituições públicas e privadas, um olhar voltado ao desenvolvimento integral desse estudante alicerçado no seu protagonismo e em aprendizagens e que auxiliem sua vivência em sociedade em um mundo cada vez mais urgente, globalizado e tecnológico.
Considerando a área de matemática, com suas habilidades fundamentadas em cinco eixos temáticos (Números, Álgebra, Geometria, Grandezas e Medidas, Probabilidade e Estatística), podemos afirmar que uma das principais mudanças está relacionada ao fato de que, no decorrer da Educação Básica, todos os eixos devem ser trabalhados nos diferentes anos escolares, não priorizando conceitos como há muito se fazia em nossas escolas. Assim, habilidades de Educação Financeira, por exemplo, trabalhadas apenas nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio, hoje devem ser contempladas desde os anos iniciais do ensino fundamental, claro que de maneira progressiva e observando o dia a dia do estudante.
Conceitos básicos de economia e finanças, tais como juros, inflação, aplicações financeiras e impostos, trabalhados no cotidiano das salas de aula em nosso país (observando a etapa escolar do estudante e o contexto no qual está inserido), promovem a compreensão do mundo que os cerca, estabelecendo aprendizagens fundamentais para o futuro do mesmo e a sua melhor relação com situações-problema do dia a dia, inclusive a melhora de sua qualidade de vida relacionada a tomadas de decisões envolvendo essas aprendizagens.
Por fim, vale salientar que existem diferentes maneiras de englobar habilidades de educação financeira no cotidiano escolar, nas diferentes etapas da Educação Básica – seja com jogos que estimulem o conhecimento do sistema monetário e brincadeiras de mercado na educação infantil e anos iniciais, ou ainda na resolução de situações-problema cotidianas e interdisciplinares nos anos finais e ensino médio. O importante é que o professor pesquise, busque, explore e encontre diferentes maneiras de trazer conceitos tão importantes para sua sala de aula, proporcionando desde cedo a compreensão da função do dinheiro em nossa sociedade e a importância de uma boa relação com questões ligadas a ele para nossa qualidade de vida, ampliando e aprofundando conceitos sempre que possível.
*Doutora em Ensino de Ciências e Matemática e Professora do Instituto Âncora (SP).