O desenvolvimento de programas eficazes de vacinação e triagem contra o HPV (papilomavírus humano) tornou o câncer de colo do útero uma doença amplamente evitável. Em 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou uma meta para acelerar a eliminação do câncer de colo do útero como um problema de saúde pública, a fim de reduzir a incidência abaixo do limiar de quatro casos por 100 mil mulheres por ano em todos os países até 2030. Por isso que a data de 17 de novembro é um reforço e um convite para Ação Global para Eliminação do Câncer de Colo do Útero.
O Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) se engaja neste movimento por conta das evidências que associam maior proteção contra câncer de colo de útero quando, além das meninas, os meninos também são imunizados. A vice-presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA), Graziela Zibetti Dal Molin, oncologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, enfatiza a importância da ação: “Buscamos divulgar conhecimento e incentivar ações de prevenção para o câncer do colo de útero, como a vacinação contra o HPV. Quando se fala de câncer da mulher, fala-se muito no de mama e pouco do ginecológico. O câncer de colo uterino é uma doença extremamente prevenível e a terceira causa de morte pela doença no Brasil”, alerta.
Embora o câncer de colo do útero tenha diminuído em muitas regiões do mundo nas últimas três décadas – particularmente na América Latina, Ásia, Europa Ocidental e América do Norte – os números continuam altos em muitos países de baixa e média renda. Por exemplo, no Brasil, a prevalência de câncer de colo do útero no Rio Grande do Sul – a menor do país – é de 7,1. A título de comparação, a Argélia, país de menor IDH, são 7,9 mortes pela doença para cada 100 mil mulheres.
Cobertura vacinal no Brasil – São três ações do movimento global para eliminação do Câncer de Colo do Útero da OMS: a vacinação contra o HPV, rastreio e tratamento de lesões pré-cancerosas e manejo do câncer cervical invasivo. Porém, mesmo que a vacina seja uma das principais formas de prevenção à infecção que pode levar ao desenvolvimento de diferentes tipos de câncer, o Brasil está abaixo dos índices propostos pela OMS. Em 2020, 55% das meninas brasileiras de 9 a 14 anos tomaram as duas doses da vacina. Entre os meninos de 11 a 14 anos, a taxa dos que completaram o ciclo vacinal foi de apenas 36,4%. Em razão da baixa adesão às campanhas de vacinação contra HPV e gargalos no acesso ao exame Papanicolau, o Brasil apresenta alta incidência e mortalidade por câncer de colo do útero: 6,5 mil morrem pela doença todos os anos.
Em 2014, a vacina contra o HPV foi incorporada no Calendário Nacional de Vacinação e no primeiro ano foram 7.948.224 doses aplicadas. Porém, o número expressivo para o Ministério da Saúde não se manteve nos próximos anos, caindo vertiginosamente na pandemia. A tabela abaixo mostra as doses aplicadas em meninas e meninos nos últimos quatro anos de ações:
Imunizações – Doses Aplicadas – Brasil*
Ano
HPV Quadrivalente – Feminino
2020
2.647.551 doses aplicadas
2021
2.241.123 doses aplicadas
2022
2.223.377 doses aplicadas
2023
702.518 doses aplicadas
*Painel Imunizações – Doses Aplicadas Brasil/Datasus
HPV Quadrivalente – Feminino*
Ano
2020
2021
2022
2023
2020 x 2023
Doses aplicadas
2.647.551
2.241.123
2.223.377
702.518
Queda de 73,46*
*Painel Imunizações – Doses Aplicadas Brasil/Datasus
Imunizações – Doses Aplicadas – Brasil*
Ano
HPV Quadrivalente – Masculino
2020
1.817.484 doses aplicadas
2021
1.617.734 doses aplicadas
2022
2.091.401 doses aplicadas
2023
839.106 doses aplicadas
*Painel Imunizações – Doses Aplicadas Brasil/Datasus
HPV Quadrivalente – Masculino*
Ano
2020
2021
2022
2023
2023 x 2023
Doses aplicadas
1.817.484
1.617.734
2.091.401
839.106
Queda de 53,83%
*Painel Imunizações – Doses Aplicadas Brasil/Datasus
Como dito, a primeira das três ações, a prevenção primária, exige a introdução da vacina contra o HPV em todos os países para prevenir a infecção, com o objetivo de atingir 90% de cobertura em todas as mulheres antes de completarem 15 anos (dos 9 aos 14 anos), com vacinação completa.
A prevenção secundária consiste na detecção precoce de lesões pré-cancerosas e do câncer em estágios iniciais. Esta estratégia visa garantir que 70% das mulheres sejam examinadas por meio de um teste de alta precisão, equivalente ou superior ao do HPV, antes dos 35 anos e mais uma vez antes dos 45 anos.
Por fim, a prevenção terciária visa alcançar um bom diagnóstico, tratamento adequado e seguimento correto que aumentem a sobrevivência e a qualidade de vida das mulheres com câncer de colo do útero, incluindo o acesso aos cuidados paliativos. Neste sentido, o objetivo é que 90% das mulheres com lesões pré-cancerosas e cânceres invasivos tenham acesso ao tratamento, controle e acompanhamento adequados.
A importância do exame citopatológico cérvico vaginal – exame Papanicolau – O convite às mulheres é, portanto, que realizem o check-up ginecológico anual com ultrassonografia e exame de Papanicolau mesmo na ausência de sintomas, para diminuir a possibilidade de desenvolver determinada patologia.
O exame Papanicolau pode ser feito por mulheres a partir dos 25 anos, especialmente aquelas que possuem atividade sexual ativa, ou seja, mulheres que estão na faixa de 25 a 64 anos, segundo recomendação do Ministério da Saúde.
Esse exame é ofertado pelo SUS e realizado, com mínimo desconforto, durante a consulta, quando são retiradas células do colo uterino externo e interno e fixando-as em lâmina de vidro. É utilizado para investigar possíveis alterações nas células do colo uterino. O resultado é entregue ao paciente em aproximadamente de 30 a 40 dias. Apesar das elevadas coberturas de rastreamento alcançadas pelo país, a grande desigualdade no acesso ao exame é um dos gargalos.
Ano
Exames citopatológicos de colo do útero realizados no SUS
2016
6.944.756
2017
6.844.324
2018
6.956.725
2019
6.805.670
2020
3.945.483
2021
5.770.478
*Relatório do INCA – Dados e números sobre o câncer de colo do útero
QUEM DEVE RECEBER VACINA CONTRA HPV? – A vacinação contra o HPV em meninos e meninas desempenha um papel crucial na prevenção de doenças relacionadas e na proteção da saúde futura. No Brasil, o Programa Nacional de Imunização (PNI) disponibiliza gratuitamente a vacinação desde 2014, sendo indicada para meninas e meninos de 9 a 14 anos, homens e mulheres até os 45 anos que vivem com HIV/AIDS, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea e vítimas de violência sexual. A Sociedade Brasileira de Pediatria, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) também recomendam a vacinação de mulheres de 9 a 45 anos e homens de 9 a 26 anos, o mais precoce possível.
O câncer de colo do útero é evitável – Importante lembrar que o câncer de colo do útero é uma doença evitável e, se diagnosticado precocemente e tratado adequadamente, curável. Hoje é o quarto câncer mais comum entre as mulheres em todo o mundo. Para alcançar o impacto máximo, as intervenções destinadas a alcançar estes três objetivos devem ser realizadas simultaneamente e à escala apropriada. A implementação dos três pilares da estratégia contribuirá para a redução imediata e acelerada das taxas de mortalidade devido aos cânceres invasivos. A incidência diminuirá gradualmente através da implementação em larga escala de serviços de rastreio e tratamento de base populacional, e da vacinação contra o HPV, que oferece proteção contra o câncer de colo do útero.
Sobre o Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) – O EVA é uma associação sem fins lucrativos, composta em sua maioria por médicos, que tem como missão o combate ao câncer ginecológico. Seu time, multiprofissional, atua com foco na educação, pesquisa e prevenção, assim como promove apoio e acolhimento às pacientes e aos familiares.
A idealização e a organização do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos foram iniciadas pela oncologista clínica Angélica Nogueira Rodrigues, no Hospital do Câncer II do Instituto Nacional de Câncer (INCA). A primeira reunião ocorreu em 12 de março de 2010 e o nome Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos passou a ser utilizado a partir desta data.
A primeira reunião para nacionalização do grupo ocorreu no Congresso da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), em 2013, na cidade de Brasília. O nome EVA foi resultado de uma reunião neste evento e foi sugerido pela oncologista clínica, coordenadora da área de apoio ao paciente (advocacy) do grupo, Andréa Paiva Gadelha Guimarães. O ginecologista oncológico Glauco Baiocchi Neto é o diretor-presidente do EVA na gestão 2023-2024.
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