Nos últimos anos, o Pantanal tem sido palco de um desastre ambiental de proporções devastadoras. As queimadas, que outrora ocorriam de forma controlada e natural, agora se expandem de maneira desenfreada, transformando vastas áreas do bioma em cinzas e fumaça. Tais focos, não são provenientes de causas naturais. São decorrentes da ação humana na região agravada pela seca.
Somente no primeiro semestre deste ano, mais de 3.500 focos de incêndios foram registrados no bioma, curiosamente concentrados no município de Corumbá, MS, conforme apontam os levantamentos do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (INPE).
Uma reflexão a mais para ser levantada sobre essa situação é não apenas pertinente, mas necessária, pois os impactos dessas queimadas vão além da destruição da flora e fauna. Os impactos atingem diretamente a população local e até mesmo regiões mais distantes.
A fumaça das queimadas pode se dispersar rapidamente, alcançando áreas urbanas e rurais, comprometendo a qualidade do ar. Você já parou para pensar nas consequências desse fenômeno para a saúde pública? Basicamente, o aumento de problemas respiratórios associadas às altas concentrações de partículas de poluentes emitidas pelas queimadas, além de auxiliar no desenvolvimento de alergias e doenças crônicas é uma realidade crescente para os habitantes dessas regiões. Esse cenário, infelizmente, reflete a falta de preparo e ação efetiva por parte do governo no controle e prevenção de queimadas associado a falta de informação dos moradores locais.
A ausência de políticas públicas eficazes para o manejo do fogo e a proteção do Pantanal é um reflexo claro da negligência política dos Estados e União. As ações preventivas, quando existem, são insuficientes e muitas vezes descoordenadas. Desta forma, alguns questionamentos são oportunos: onde estão os investimentos em tecnologias de monitoramento e combate a incêndios? Onde está o apoio às comunidades locais para que possam agir de maneira preventiva? Sem um planejamento estratégico e ações coordenadas, o ciclo de destruição se perpetua, agravando os danos cada vez mais, como visto em 2020 e agora em 2024.
Os efeitos desse descaso não se restringem ao presente. Em breve, a degradação do Pantanal pode acarretar a perda irreparável de biodiversidade, comprometendo serviços ecossistêmicos vitais, como a regulação do clima e a manutenção da qualidade da água, do solo e, principalmente, do ar. Agravando as mudanças climáticas, intensificando eventos climáticos extremos como secas e enchentes repentinas, afetando diretamente a agricultura e a segurança alimentar do país.
Podemos estender essa perspectiva para um horizonte mais distante, contendo um cenário é ainda mais alarmante. A perpetuação das queimadas pode transformar o Pantanal em um ecossistema irrecuperável, onde espécies únicas podem ser extintas e a capacidade de regeneração natural ser perdida.
Portanto, é imperativo que você, enquanto cidadão consciente, exija ações concretas e imediatas das autoridades. Exigindo políticas públicas efetivas, aliadas à conscientização e participação ativa da sociedade, as quais são fundamentais para reverter esse quadro.
(*) Anderson Roberto Benedetti é biólogo e Mestre em Genética e Melhoramento de Plantas. Docente da Área de Geociências do Centro Universitário Internacional Uninter.
Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
VALQUIRIA CRISTINA DA SILVA
valcsilvaa@gmail.com