Segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em agosto, o setor de bares e restaurantes se destacou como o segundo maior gerador de empregos formais no Brasil, com um crescimento de 0,7%, ficando atrás apenas dos serviços domésticos.
Foram mais de 12 mil novas vagas criadas com carteira assinada no setor de alimentação fora do lar, reforçando sua importância como um dos principais motores de empregabilidade no país. Apesar desse crescimento, desafios como a falta de qualificação dos candidatos ainda persistem, o que leva muitos empresários a investir em automação e novas tecnologias para compensar a escassez de mão de obra.
Esse cenário coloca ainda mais em evidência a responsabilidade dos restaurantes em manter o bem-estar de seus funcionários e clientes, que vai além da simples preparação de refeições. As normas e padrões estabelecidos pelos órgãos de vigilância, que incluem o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e procedimentos detalhados de higiene e manuseio de alimentos, são fundamentais para enfrentar as dificuldades atuais e garantir um ambiente seguro e produtivo.
A saúde ocupacional em restaurantes é regulada por normas rigorosas estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Esses órgãos são responsáveis por coordenar e supervisionar as práticas que garantem um ambiente de trabalho seguro e higiênico, minimizando riscos à saúde dos trabalhadores e assegurando a qualidade do serviço.
Segundo o Dr. Marco Aurélio Bussacarini, fundador da Aventus — empresa especializada em Medicina e Segurança do Trabalho, o ambiente de trabalho seguro é a base para o bom funcionamento de um restaurante e, para isso, é muito importante ter em mente algumas boas práticas para evitar acidentes e possíveis contaminações.
As principais normas da vigilância sanitária para cozinhas estão detalhadas na RDC nº 216 da Anvisa, que abrange o Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Esse documento estabelece diretrizes para a avaliação da estrutura física dos estabelecimentos, dos equipamentos e utensílios, dos manipuladores de alimentos, dos insumos, e do treinamento da equipe, entre outros aspectos.
“A medicina ocupacional oferece diversos benefícios para restaurantes. Promover um ambiente de trabalho mais seguro e saudável é fundamental para uma operação mais eficiente e, consequentemente, um serviço de maior qualidade”, afirma.
Pensando nisso, ele preparou um guia prático para introduzir a Medicina Ocupacional em restaurantes, confira:
1. Prevenção de doenças transmitidas por alimentos: realizar treinamentos regulares sobre práticas de higiene pessoal e manipulação de alimentos, monitorar as práticas de higiene com inspeções regulares, além de fornecer materiais educativos sobre prevenção de doenças transmitidas por alimentos. Este item exige ainda o manejo de política de resíduos no local e controle de pragas.
“As doenças transmitidas por alimentos, também conhecidas como doenças de origem alimentar, ocorrem quando uma pessoa consome alimentos ou bebidas contaminados com patógenos, como bactérias, vírus, parasitas ou toxinas”, explica.
“A educação contínua, o monitoramento das práticas de higiene e a aplicação de protocolos rigorosos são essenciais para prevenir tais contaminações. Garantir a saúde dos clientes começa com o cuidado na preparação e manuseio dos alimentos”, pontua o especialista.
2. Conformidade com regulamentações: assegurar que o restaurante esteja em dia com todas as regulamentações de saúde ocupacional pode ser realizado por meio de auditorias regulares de saúde e segurança, da atualização constantemente das práticas, conforme novas regulamentações, e o fornecimento de treinamento contínuo para os funcionários.
“Manter-se atualizado sobre as normas dos órgãos de fiscalização pode ser um desafio, mas é indispensável para a sobrevivência do negócio. Além de demonstrar comprometimento com a segurança e bem-estar de todos no ambiente de trabalho, evita multas, advertências e, até mesmo, interdições”, afirma Dr. Marco.
3. Melhorias das condições de trabalho: para oferecer um melhor ambiente para as equipes, é preciso realizar avaliações ergonômicas das estações de trabalho, implementar ajustes, como cadeiras ajustáveis e tapetes anti-fadiga, garantir que todos os equipamentos estejam em boas condições e seguros para uso.
“A ergonomia e a segurança no trabalho não podem ser subestimadas. Ajustes simples, como bancadas adequadas e equipamentos seguros, fazem uma grande diferença no bem-estar e produtividade dos colaboradores”, destaca.
4. Monitoramento da saúde dos funcionários: implementar um programa de saúde regular, com exames periódicos dos funcionários e tratamentos preventivos, é fundamental para garantir o bem-estar da equipe.
“Implementar programas de saúde para os colaboradores não é apenas uma obrigação, mas uma estratégia inteligente. Prevenir doenças e promover o bem-estar da equipe reduz custos com afastamentos e aumenta a produtividade”, explica o especialista.
5. Promover um ambiente saudável para os funcionários: isso pode ser aplicado através de pausas regulares durante a jornada de trabalho, programas de conscientização sobre a importância da atividade física com palestras e workshops, criar um ambiente que minimize o estresse, oferecer suporte psicológico e benefícios de saúde adicionais, como planos de saúde.
“Investir no bem-estar físico e mental dos funcionários reflete diretamente na qualidade do serviço. Funcionários saudáveis e satisfeitos são a base para um atendimento de excelência”, ressalta Dr. Marco.
6. Treinamento em Segurança do Trabalho: realizar treinamentos regulares sobre segurança no trabalho, incluindo atividades práticas e teóricas sobre o uso correto de EPIs, avaliar regularmente a eficácia dos treinamentos e fazer ajustes conforme necessário.
“Os treinamentos têm que ser vistos como um investimento de longo prazo, pois quando os funcionários sabem como se prevenir e utilizar corretamente os EPIs, a incidência de acidentes cai drasticamente, protegendo vidas e o patrimônio da empresa.”
Por fim, o especialista explica que, em um setor tão dinâmico e concorrido como o de restaurantes, não se pode deixar a saúde ocupacional em segundo plano. “É um investimento que retorna em forma de segurança, bem-estar e eficiência. Ao priorizar a saúde dos funcionários, estamos, na verdade, investindo no futuro do negócio e na confiança dos clientes. É um ciclo virtuoso onde todos ganham”, conclui Dr. Marco Aurélio Bussacarini.
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THAIS MOREIRA CIPOLLARI
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